Na Breve Pausa Da Guerra
Se alguém estiver lendo essa carta e não for você, eu não quero que saibam meu nome, quem eu fui. Quando você está aqui parece não existe passado, presente, ou futuro, pois tudo se junta em um único trauma que talvez eu nem consiga ver o final, ver rostos caídos e mutilados não é nem de longe o pior dos cenários, mas sim não saber diferenciar eles dos rostos dos "inimigos". A única diferença entre os anjos e os demônios eram suas ideologias, mas todos terminaram da mesma forma que começaram esquecidos por uma causa que nunca será esquecida, seria esse o preço da paz? Se é que existe um preço pra isso.
Nas breves pausas que tenho desse mar de sangue dedico meu tempo a escrever essas cartas para você, porque quero que consiga esquecer quem eu fui, pois acho que me tornei parte de tudo que lutei, em mim não ah mais um homem e sim o que sobrou de tudo aquilo, todos os gritos e orações estão marcados em quem eu sou. Meu desejo antigo de ser um artista foi trocado por uma arma, essas mãos que tanto queriam criar, apenas criaram dores a quem não as conhecia. Nós sempre desfrutamos do resultado de guerras como essa, sem nem saber que a nossa hora chega. Se o inferno existir eu não quero te ver lá, e se o céu existir espero que meus inimigos estejam lá junto a você, não espere que eu chegue lá sem antes eu poder sofrer a punição que eu tanto mereço.
Não deu tempo nem de finalizar a carta direito, até.
Comentários
Postar um comentário