Remorse Walker
Capítulo 1: Os bastardos serão exaltados!
2003 Rio de Janeiro.
- Para de fugir, cacete!
Um Jovem de cabelos negros e pele cinza coberto por um longo sobretudo preto em um dia quente, ele estava indo atrás de uma creatura deverás peculiar. Se assemelhava um pouco a um ser humano, mas com braços e pernas extremamente alongados, parecia ter uns 3 Metros de altura, tinha 3 braços e o crânio estava aberto, dentro da cabeça não havia nada além de um líquido roxo transbordando.
A perseguição continua até chegar em um beco sem saída, o bicho continua correndo e bate de cara na parede.
Um pouco exausto pela longa perseguição. Sua reação não podia ser outra.
- Ahahahahahahahahah, quase meia hora de perseguição pra levar a isso.
Após o jovem parar de caçoar do monstro, ele retira uma espada de sua cintura. Ela era extremamente prateada e bem polida, parecia nunca ter sido usada antes, sua lâmina brilhava mais do que qualquer metal que possa imaginar.
- Relaxa, sua morte será a mais desonrada que eu já pude presenciar.
Ele caminha lentamente até se aproxima do bicho, o apunhalando pelas costas sem grandes dificuldades, a creatura estava totalmente imóvel após ter batido de cabeça na parede. Ela Vira cinzas após agonizar de dor por alguns segundos, e as cinzas desaparecem junto.
- Por hoje é só, não... Espera.
Após guardar sua espada na bainha, ele põem a mão no queixo tentando se lembrar de alguma coisa.
- Puts, os familiares desse "pesadelo" devem estar muito longe daqui. Hmmmmmm.
Ele retira um celular preto de seu bolso e liga pro primeiro contato em sua lista.
- Hey, Bruno, posso terminar meu turno sem a parte de consolar a família pela tragédia da semana?
- Você tá doido?! Esse é a parte mais fácil do seu trabalho, vai lá e faz oque é pago pra fazer, e deixa de ser incompetente!
- Beleza, beleza, tá feliz agora? Acabei de seguir esse "pesadelo" por uns 2 quarteirões, e vou ter que voltar!
- Para de reclamar, se é que você quer ganhar o seu salário esse mês.
O tal "Bruno" desliga na cara do Jovem em um tom elevado de frustração.
- Tomara que dessa vez eles não enrolam tanto com os agradecimentos, Jesus.
Ele percorre 2 quarteirões até o lugar... As pessoas na rua olham sempre com um olhar admirador, mesmo o vendo todo santo dia. Sua função naquela cidade poderia ser pequena, mas era única. As ruas cinzas daquela cidade de pessoas que aos poucos perderam as almas pra o grande sistema, agora puderam por alguns instantes ter algo para se orgulhar.
- Fala aí Andrade! Quer ajudar a fazer esse marginal dormir no asfalto? Era um policial espancando fortemente um jovem qualquer na rua por desacato a autoridade.
- Talvez depois do fim do expediente!
Chegando até a casa dos familiares, ele não precisou nem encostar no portão para ser imensamente aplaudido, era uma família comum, um pai, uma mãe, um filho e uma filha.
- O Caçador de Pesadelos salva o dia, de novo!
Dizia o filho do casal, hipnotizado pela presença meramente intimidadora do jovem.
- Obrigada por proteger minhas crianças. Dizia a mãe impressionada com a feição calma do jovem.
- Valeu por eliminar minha sogra! Haha. Dizia o Pai em um tom descontraído.
- Não foi nada, eu apenas fiz meu trabalho corretamente. Dizia o jovem com um olhar cansado de tanto receber os mesmo elogios de sempre. Ele se abaixa pras crianças e diz com um sorriso evidentemente forçado.
- Cuidem muito bem da sua família e amigos, nunca se sabe quando eles podem se tornar "pesadelos". Eles são feitos dos piores sentimentos que você pode ter, como: arrependimento, medo, tristeza, vocês devem ficar desse último! E quando você não consegue mais segura-los, você se torna um deles, aquela creatura que a sua vó se tornou era isso.
- Mas você veio pra salvar a gente e correu atrás do monstro, a vovó era legal mas ver você sendo legal é muito mais legal! Disse a irmãzinha em um tom eufórico.
- Ela mal falava, e mal conseguia ficar de pé, já estava na hora dela, fico feliz dos meus filhos verem ela partir de uma forma tão bonita. Continue com o bom serviço! Disse a mãe agraciada pelo ato supostamente heróico do jovem.
- Andrade, se você puder vem almoçar com a gente qualquer dia.
- Sim, sim, claro. Pode deixar.
Depois de se despedir da família ele se senta em um banco qualquer. Vendo a rústica paisagem da cidade, as casas não tinham tinta, mal havia crianças ou vendedores caminhando por aí, era extremamente cinza, como se algo quisesse sair daquele lugar tão sem cultura. Seu celular toca de novo, era o Bruno novamente.
- Vai ter que fazer hora extra hoje, cara. Uma escola tá precisando de uma palestra sobre como não se tornar um pesadelo.
- Você não acha que todo mundo sabe o suficiente sobre eles? Sei lá, todo mundo sabe que a maioria é inofensivo, e-
- Ordens do seu tio, você sabe, se você recusar eu que pago o pato. Só improvisa, cara.
- Esse trabalho não tem fim não? Tá, mais onde fica essa escola, em?
Algumas horas depois da ligação, Andrade já estava na escola esperando a hora de sua palestra. Faltavam ainda 20 minutos. Ele estava focado mais em uma pergunta na sua cabeça do que com a palestra. Estava sentando no chão de um jeito desleixado
- " Normalmente os pesadelos que eu enfrento antes eram pessoas, aquela vovó era uma pessoa? Eu ficar zoando com a cara daquele pesado foi injusto? Nah, meu trabalho é só acabar com esses monstros pra que os caras grandes não precisem, eles não podem voltar a ser quem são mesmo. A própria família não estava nem aí pra ela, porque eu deveria estar"? Fazia tempo desde que eu não via uma família inteira sorrir daquele jeito, quando foi que as pessoas esqueceram que estamos em uma Ditadura? Pesadelos já deveriam cair no esquecimento faz tempo. "
Mal sabia ele que havia alguém observando seu monólogo. Era uma garota do 2° ano do ensino médio. Estava bastante entrigada com as afirmações.
- Hey, você tá vestido como um caçador de pesadelos, mas não parece um.
- Oque?! Você tava me escutando?
- Um pouco, que maluquice doida.
- Estou no meu posto ainda, se tiver algo pra dizer ou perguntar, é melhor que seja agora. Tentando manter uma postura intimidadora, mesmo estando sentado no chão.
- Só estava passando pelo corredor mesmo, aliás, como que você não morre de calor com essa roupa preta estravagante?
Ele se levanta e mantém uma postura de oficial, com um olhar rígido.
- Suportar o calor é o mínimo que o requisito mais mínimo que um caçador poderia ter, mas realmente... É bem cansativo.
- De todos os poucos caçadores que vi, você é o mais desajeitado, tentando se manter machão mas dá pra ver que não está preparado caso um pesadelo ataque.
Andrade um pouco surpreso com a resposta tenta responder de uma forma mais tranquila.
- Que seja, tente ser menos ingrata a alguém da minha classe. Sabe que fazem coisas muito piores a quem é desrespeitoso, não é?
- Claro que sei, se vocês usassem essas suas "Espadas" doidas contra o nosso governo conseguiriam acabar com isso facilmente.
- Me poupe, eu não estou protegendo esses ditadores, acha que esses monstros são alguma ameaça pra eles? Meu trabalho só existe pra poupar meros gastos.
- Você ainda assim recebe o nosso dinheiro como desculpa pra deixar eles mais ricos, e os obdece sem questionar!
- Mesmo se eu pudesse, uma espadinha dessas não tem chances contra um revólver!
- Você realmente não é homem, você siquer vê todo o sofrimento nos rostos das pessoas quando anda na rua?!
- Faz tempo que não vejo um rosto desses quando saio na rua.
- Claro, você é a única coisa que chama mais atenção do que o próprio governo, eles acreditam que os pesadelos são o maior mal que há. Então aprendem a aceitar essa opressão sem questionar, como se fosse algo normal! E são manipuladas a se esconder com essas fantasias baratas. Seu palhaço.
Antes que ele siquer pudesse questionar a garota ele vê algo correndo no final do corredor.
- Aghh!!
Era um pesadelo vindo na direção deles.
- Fique atrás de mim, agora! Andrade saca sua espada e mantém uma postura ofensiva.
Fim.
Essa história me lembra um ditado...
ResponderExcluir"Homens fortes fazem tempos fáceis, tempos fáceis fazem homens fracos, homens fracos fazem tempos difíceis, e tempos difíceis fazem homens fortes".
O que tem a ver com a história? bem...nada, só queria deixar um comentário legal aqui.
E falhou miseravelmente em fazer um comentário legal, gosto das tuas histórias mesmo assim, nunca desdita lek.
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